“Velhos tempo em que a sardinha saía do barco contada a cento! Só quem assistiu, em pleno cais, à disputa que a regateira travava para conseguir, logo após a chegada do barco, aquele saborosíssimo peixe – de modo a antecipar-se às suas concorrentes na respetiva venda, venda que tanto poderia efetuar-se ali mesmo como nas ruas da cidade – estará à altura de avaliar quanto de pitoresco, de insólito, de agressivo até, revelava o ato agora apelidado de “Assalto ao barco.”(…)”
“Umas após outras, quase seguidas, as embarcações iam demandando a barra que haviam cruzado na véspera, ao entardecer, (para “apanhar o assejo”) ou às primeiras horas da madrugada desse mesmo dia. (…)”
Era “num estado de espírito verdadeiramente descontrolado que os pescadores da sardinha faziam a atracagem. (Esta nem sempre consistia em colocar o barco junto ao cais, pois, vezes havia, que era encostada a outra embarcação ou encalhada). (…)”
“Se depois da “revoada dos cestos”, o barco não se aproximasse de terra, colocando-se um tanto ou quanto fora do alcance do contacto com as regateiras, o facto era revelador de pouca pesca e tal circunstância ascendia mais o desejo das compradoras (“fruto proibido, mais apetecido”)!(…)”
Artigo do Tomo I dos Cadernos Vianenses, 1978, escrito por Amadeu Costa.
Os Cadernos Vianenses são uma edição da Câmara Municipal de Viana do Castelo, com publicação periódica desde Outubro de 1978. Estas publicações assumem-se como uma fonte de memórias e repositório do património de Viana do Castelo, agregando textos, artigos, testemunhos, opiniões e ideias de diversos autores, abordando um variado leque de temas.
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