“Nunca houve, pelo que me tem sido dado averiguar, quem se interessasse pelo estudo do salmão, e sua pesca, ao longo dos séculos, no nosso País. Alguma coisa foi dita quanto ao rio Minho, talvez por ser o que foi sempre mais rico desses peixes. Mas muito pouco. Não admira, pois, que eu tenha encontrado pessoas vivendo junto do Lima que desconhecem a existência desse peixe, e outras que até lhe chamam “sável”… De truta não admira, visto que quando adultos se confundem bastante. Aproveitando as marés vivas e as cheias para melhor singrar na sua destemida e exaustiva viagem, o nosso salmão caminha durante a noite e pára de dia para descançar. Assim alcança a Central do Lindoso, já que dali para cima raros se afoitam. Se não fossem os processos anacrónicos utilizados na sua pesca, que o impedem de alcançar os locais de reprodução, teríamos, apesar de tudo, ainda, no rio Lima, bastantes exemplares deste rico e extraordinário peixe. Não admira, portanto, termos presente uma exaustação desta espécie, e de outras, até há pouco tempo tão abundantes. Este rio, devidamente repovoado e protegido, poderia ser o nosso melhor rio salmoneiro, especialmente do Carregadouro para a nascente, pois as suas águas não são das mais conspurcadas, são saltitantes e oxigenadas, com óptimos sítios para viver e reproduzir-se. (…)”
Artigo do Tomo II dos Cadernos Vianenses, 1979, escrito por Aristides Arroteia.
Os Cadernos Vianenses são uma edição da Câmara Municipal de Viana do Castelo, com publicação periódica desde Outubro de 1978. Estas publicações assumem-se como uma fonte de memórias e repositório do património de Viana do Castelo, agregando textos, artigos, testemunhos, opiniões e ideias de diversos autores, abordando um variado leque de temas.
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