O Monumento Natural Local do Canto Marinho constitui uma área com cerca de 24 ha, na zona intertidal da costa de Carreço, a sul do Monumento Natural Local do Alcantilado de Montedor. Este geossítio apresenta alguns dos aspetos mais exclusivos do litoral de Viana do Castelo, quer ao nível do património arqueológico, quer ao nível de elementos geológicos com interesse residual, mineralógico e tectónico [1].
Na área do monumento ocorrem cerca de 713 pias salineiras de idade pré-romana que para além da importância arqueológica, são um indicador paleoambiental importante do período pré-romano, e permitem indicar que há cerca de 4 a 5 mil anos o nível do mar estaria 1 a 2 metros abaixo da posição atual [1 e 2]. Esta zona da costa de Carreço é também a mais importante na preservação de pesqueiros como as camboas (13 no total – Saínhas, Fundo do Carocho, Louvado, Faroleira de Carreço, Faroleira de Montedor, Limo, Cega, Fragão, Canto do Marinho, Andrel, Caxuxo, Inguieiro e Furado), sem par no contexto do litoral noroeste, fornecendo uma indicação importante do nível do mar no período medieval. As três tipologias de camboas – as cegas, os caxuxos e as camboas propriamente ditas (de maiores dimensões) – estão preservadas no setor e foram construídas aproveitando o enrocamento natural [3].
O calor resultante da instalação do Plutonito de Bouça de Frade possibilitou a formação de minerais típicos de metamorfismo de grau médio, como a granada e a estaurolite, e o crescimento dos cristais de quiastolite que chegam a atingir 7cm [1 e 2].
Os blocos graníticos em forma de bola encontrados no geossítio, foram outrora interpretados como o resultado de um tsunami que terá ocorrido em 60 AC [4]. Um estudo mais detalhado revelou que na realidade são o resultado da migração difusa do magma do Plutonito de Bouça de Frade [5].
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Geoparque Litoral de Viana do Castelo
Portugal
02/2019
41.732192, -8.872109000000023